A edição desta segunda-feira (29) do Jornal Nacional começou dizendo que a declaração de Jair Bolsonaro sobre o desaparecido político Fernando Santa Cruz, pai do presidente das Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), durante a ditadura militar, indignou a sociedade civil brasileira. O telejornal deu um espaço de quase setes minutos para mostrar as notas de repúdio de diferentes entidades sobre as lamentáveis declarações do presidente da República.

Ainda no estúdio, William Bonner lembrou que o presidente se referiu ao pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, por duas vezes. A matéria da repórter Zileide Silva abriu mostrando a fala de Bolsonaro, quando disse que sabia o que tinha ocorrido com Fernando, desaparecido em 1974, após ser levado pelo Exército.

O JN contou a história do pai de Felipe Santa Cruz, informando que ele foi militante do movimento estudantil, da juventude católica e ingressou na Ação Popular. Além disso, lembrou da sua prisão pelos militares e divulgou quase na íntegra a nota emitida pela OAB, que menciona diversos trechos da Constituição.

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A reportagem segue com a segundo declaração do presidente da República, na qual afirma que Fernando Santa Cruz foi morto por militantes de esquerda. A versão de Bolsonaro foi confrontada com o atestado de óbito de Fernando que, depois de 45 anos, só foi expedido na semana passada. O documento afirma que a causa da morte foi não natural, provocada pelo Exército Brasileiro, no contexto e perseguição sistemática e generalizada a opositores do regime ditatorial.

STF

A matéria foi finalizada com uma entrevista do presidente da OAB, na qual declara que vai até o Supremo Tribunal Federal (STF) pedir para que Bolsonaro explique como sabe o que aconteceu com seu pai, já que segundo o presidente da Republica, ele já tinha essa informação desde quando se deu o desaparecimento. “Ele diz que soube à época, quando era militar. Então, ele reconhece que há relação com os porões da ditadura”, falou Felipe Santa Cruz.

Apesar do espaço dedicado ao tema, o Jornal Nacional não foi poupado pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT). Ele lembrou, através do Twitter, que a “Globo apoiou o regime militar, e agora produz matéria para lembrar os crimes cometidos na época da ditadura”.

A @RedeGlobo em geral e o @jornalnacional em particular NORMALIZAM o fascismo de Bolsonaro há quase 30 anos.
A Globo apoiou a ditadura de 1964-1985.
Agora lêem nota da OAB em defesa de alguém que foi vítima da ditadura que enriqueceu a família Marinho.
Como se chama isso?

— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) July 29, 2019

Fonte: Revista Fórum